(CNN) — O ex-presidente Donald Trump disse no sábado que não debateria com a vice-presidente Kamala Harris se ela não concordasse em comparecer a um novo debate na Fox News no mês que vem, o mais recente em meio a disputas públicas entre as campanhas sobre quando, se é que isso acontecerá, os dois candidatos se encontrarão no palco.
“Ou a verei no dia 4 de setembro, ou não a verei mais”, escreveu o ex-presidente no sábado em sua plataforma Truth Social.
Trump reforçou esse pronunciamento em seu comício na noite de sábado na Geórgia, dizendo aos participantes: “Faremos um com a Fox, se ela aparecer”.
“Não acho que ela vá aparecer”, ele acrescentou, alegando que a vice-presidente “sabe ler um teleprompter”, mas não consegue falar de improviso.
A declaração de Trump veio depois que o ex-presidente desistiu de um debate planejado para 10 de setembro, organizado pela ABC News, na sexta-feira à noite. Trump se comprometeu com o evento em maio, depois que ele e o presidente Joe Biden concordaram em adiantar o calendário de debates e trocaram farpas sobre estarem dispostos a debater um com o outro a qualquer hora, em qualquer lugar.
Harris fez referência a essas declarações nas redes sociais no sábado.
“É interessante como 'qualquer hora, qualquer lugar' se torna 'um horário específico, um espaço seguro específico'”, ela escreveu. “Estarei lá no dia 10 de setembro, como ele concordou. Espero vê-lo lá.”
Uma fonte familiarizada com o assunto disse à CNN que era entendimento da fonte que a ABC News daria tempo de antena para qualquer candidato que aparecesse – mesmo que acabasse sendo apenas Harris. A ABC News não respondeu ao pedido de comentário da CNN.
O apelo de Trump por um debate em seus termos, com uma “audiência completa na arena”, continua o vai e vem entre as duas campanhas enquanto elas tentam moldar a narrativa em torno de um debate em potencial, trocando provocações e escavações ao longo do caminho. Trump atacou a inteligência de seu oponente, escrevendo em sua plataforma de mídia social que Harris, que também é ex-senadora dos EUA e procuradora-geral da Califórnia, não tem a “capacidade mental” para debater com ele.
A campanha de Harris argumentou que Trump tem medo de debater com ela.
No mês passado, Biden encerrou sua campanha de reeleição e apoiou Harris após semanas de pressão dos democratas após sua performance desastrosa em um debate da CNN em 27 de junho. Trump alegou sem evidências que os democratas “encenaram um golpe” para remover Biden da chapa.
As trocas públicas também colocam em questão se haverá um debate. Trump chegou à nomeação republicana no início deste ano, apesar de sua recusa em comparecer a qualquer um dos debates primários de seu partido, argumentando que não precisava comparecer porque era uma entidade conhecida e estava liderando nas pesquisas. Ele fez comentários semelhantes nos últimos dias quando questionado sobre um debate com Harris.
O ex-presidente disse na sexta-feira à noite que o debate da ABC News não poderia acontecer porque Biden não era mais o indicado e também porque Trump está atualmente envolvido em um litígio contra a rede.
Trump entrou com um processo de difamação contra a ABC News e George Stephanopoulos em março, depois que o apresentador do “The Week” disse que o ex-presidente havia sido considerado culpado de “estupro” em uma entrevista com a deputada republicana Nancy Mace, da Carolina do Sul. Trump foi considerado responsável por agressão sexual e difamação da escritora E. Jean Carroll. Em janeiro, um tribunal concedeu a ela US$ 83,3 milhões em danos.
O processo da ABC News, no entanto, foi aberto em março, meses antes das campanhas de Trump e Biden concordarem em dois debates em meados de maio.
A pressão por um debate na Fox News marca a mais recente mudança de meta na campanha de Trump desde que Biden se afastou há quase duas semanas.
Em 23 de julho, Trump disse a repórteres em uma entrevista coletiva que não havia concordado em debater com Harris, apenas com Biden.
“Mas eu quero debater com ela, e ela não será diferente, porque eles têm as mesmas políticas”, ele disse. “Eu acho que debater é importante para uma corrida presidencial, eu realmente acho, você meio que tem a obrigação de debater.”
Dois dias depois, um porta-voz da campanha de Trump disse que não se comprometeria com nenhum debate futuro até que o Partido Democrata anunciasse formalmente um indicado, argumentando que o partido ainda poderia mudar de ideia. Naquele ponto, Harris havia garantido promessas para a maioria dos delegados e nenhum democrata competitivo havia dito que concorreria contra ela.
O Comitê Nacional Democrata anunciou na sexta-feira que Harris havia garantido apoio suficiente para vencer a indicação do partido, um dia depois de os delegados terem começado a votar virtualmente para indicar formalmente um candidato.
Na segunda-feira, Trump disse à apresentadora da Fox News, Laura Ingraham, que “provavelmente acabaria debatendo” com Harris, mas disse que também poderia argumentar que não compareceria, já que ambos são bem conhecidos.
E na manhã de sexta-feira, horas antes de desistir do evento da ABC News, Trump disse à Fox Business que não tinha certeza se queria debater com Harris.
“Quer dizer, agora mesmo eu digo, 'Por que eu deveria fazer um debate?' Estou liderando nas pesquisas, e todo mundo a conhece. Todo mundo me conhece”, ele disse.
No ano passado, Trump usou argumentos semelhantes para explicar sua decisão de pular os debates primários do Partido Republicano, escrevendo em seu site de mídia social que o público “sabe quem eu sou”.
Harris e sua campanha responderam com provocações e apelos para que ele comparecesse ao debate que havia se comprometido a fazer com Biden.
“Ele não vai debater, mas ele e seu companheiro de chapa certamente têm muito a dizer sobre mim”, disse Harris a uma multidão em Atlanta no início desta semana. “Bem, Donald, espero que você reconsidere me encontrar no palco do debate, porque, como diz o ditado, 'Se você tem algo a dizer, diga na minha cara.'”
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