Paraguai anunciou, nesta terça-feira (1º), a suspensão das negociações com o Brasil sobre o Anexo C da Itaipu Binacional, um dos principais acordos que regula a tarifa de energia gerada pela usina. A decisão ocorre após alegações de espionagem envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que, segundo reportagens, teria realizado um ataque hacker a autoridades paraguaias com o objetivo de obter informações sobre as negociações de tarifas de eletricidade.
O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, informou que o país convocou para consultas o embaixador do Brasil em Assunção, José Antonio Marcondes. Ele foi solicitado a entregar uma nota oficial que explique em detalhes a possível ação de espionagem. O chanceler também consultou o embaixador do Paraguai no Brasil, Juan Ángel Delgadillo, sobre o incidente.
De acordo com uma reportagem do portal UOL, a operação de espionagem, que teve início no final da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria sido executada durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Abin teria acessado computadores de autoridades do governo paraguaio para coletar dados cruciais para as tratativas sobre as tarifas da energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu, administrada de forma binacional pelos dois países.
O Anexo C do Tratado de Itaipu, que regula a comercialização da energia, expirou em 2023, e os dois países estavam em processo de renegociação do acordo. O Itamaraty havia anunciado que o novo acordo seria firmado até 30 de maio de 2025. O Paraguai, que tem direito a 50% da energia da usina, busca renegociar o excedente e a forma de comercialização, o que envolve ajustes nas tarifas.
Lezcano informou que o governo paraguaio iniciou uma investigação para apurar as operações de espionagem ocorridas entre 2022 e 2023. Ele também afirmou que não houve comunicação do governo anterior de Santiago Peña sobre o incidente. “É uma violação do direito internacional, uma interferência em assuntos internos por parte de um país em outro”, afirmou o chanceler paraguaio.
Fonte: Conexão Política